terça-feira, 20 de agosto de 2013

Lendas de Guarapari ES

1 – Praia dos Padres

Os antigos moradores da região diziam que a praia era “assombrada”, pois escutavam pescadores conversando, como se os barcos estivessem se aproximando e quando chegavam a praia nada viam além de onda e água. Ao anoitecer escutavam pessoas falando e gritando, parecia que a ela estiva cheia de veranistas. O mar subia tanto que no dia seguinte as raízes das castanheiras pareciam dedos de uma mão velha e cansada – mãos de bruxa.
Todos estes fatos estranhos deixavam os moradores assustados. Para acabar com as assombrações, todo padre que aqui chegava era levado a benzer e rezar a praia, originando o nome da praia.

2 – Mulher Pata

Antigamente as famílias eram muito numerosas. Quando nascia o sétimo(a) filho(a) do casal, segundo a tradição o filho (a) deveria batizar a criança, se isso não acontecesse quando o bebê crescesse: se fosse homem – nas noites de lua cheia virava LOBISOMEM e se fosse mulher viraria MULHER PATA.
Ela ia para as pedras, se escondia no mato, tirava a roupa e se contorcia fazendo com que as penas surgissem. Quando a transformação se completava a PATA voava para o alto mar, pousava no mastro dos barcos e ficava escutando a conversa dos pescadores. Depois de escutar o que queria voava de volta para as pedras e se contorcia até se transformar em mulher novamente, vestia a roupa e saia pela vila contando tudo que havia escutado.
Quando os pescadores voltavam da pescaria dias depois, ficavam intrigados ao verificarem que todos sabiam o que haviam conversado em alto mar. Como era possível se todos retornaram juntos? Começaram a observar que quando isso acontecia sempre uma pata havia pousado no mastro do barco. Concluíram que era a MULHER PATA que havia feito a fofoca.

3 – Mãe-Bá

Havia em Guarapari uma grande lagoa e as suas margens habitava uma tribo de índios que em determinada época foi chefiada por uma velha índia chamada BÁ. Alem de chefe ela era curandeira, protetora e conselheira de toda a tribo, e por isso era considerada a “mãe” de todos, que em tupi-guarani é ESSÉ e significa “olhar por todos”.
Certo dia uma indiozinho adoeceu e BÀ tentou curá-lo com pajelança, ervas e raízes, enfim todos os recursos naturais de que dispunham, sem resultado. Apelou então para uma oferenda aos Deuses da Natureza na lagoa. Pegou uma canoa e foi remando até o meio, de repente algo de estranho aconteceu. Era como se os espíritos estivessem contra ela, por tê-los desafiado. BÁ gritou aterrorizada, os índios foram até a lagoa e viram a canoa virada e com marcas de sangue. Dias depois o corpo de BÁ apareceu com marcas de violência. Os índios pegaram o corpo e cremaram, conforme seus costumes e jogaram a cinza na lagoa. Depois disso, de acordo com a história houve uma grande abundância de peixes na lagoa e em homenagem a índia – recebeu o nome de “LAGOA de MÃE-BÁ.

4 – Mãe do Ouro

Segundo a lenda a Mãe do Ouro é uma menina muito bonita, loira de olhos azuis e quem tiver a sorte de encontrá-la, deverá cortar o dedo e deixar que três gotas de sangue caiam sobre sua cabeça, para que ela se transforme em ouro em pó.
Antigamente, era necessário buscar lenha para cozinhar, nas matas que cercavam as vilas e cidades. Contam que um senhor de nome Manoel e mais três companheiros de Muquiçaba, foram cortar lenha. Marcaram um ponto de referência para se encontrar na volta e cada um seguiu uma trilha. O Sr. Manoel entrou na mata e deparou-se com uma menina, muito bonita e bem vestida, que lhe perguntou o caminho, pois estava perdida. Admirado ele lhe ensinou a trilha de saída, só que ela embrenhou-se mata adentro, não lhe dando ouvidos. Ele a seguiu, mais de repente ela sumiu e o Sr. Manoel acabou se perdendo e só depois de várias horas conseguiu sair e encontrar os companheiros. Ao contar-lhes o que havia acontecido, deixou-os indignados. Eles disseram: “Seu MINGUTA CAPELIDO” (uma ofensa que não consegui entender ou esclarecer o significado) – “você encontrou a Mãe do Ouro, se tivesse dado um pequeno corte no dedo e pingado três gotas de sangue nela – ela se transformaria em ouro em pó. Nunca mais vamos ficar ricos, esta oportunidade só acontece uma vez na vida.

5 – Escalvada

A Ilha Escalvada ou do Farol é uma área de proteção ambiental.
Segundo os moradores ela é encantada, pois em determinados dias ela se transforma em: barco, baleia, bolo de aniversário, castelo, navio, tartaruga e outras formas. O curioso é que isto acontece durante o dia e muitos já viram este fenômeno, inclusive a TV Guarapari já gravou a Ilha se transformando.

6 – Tesouro dos Holandeses

Segundo a história um navio holandês naufragou na costa de Meaípe, na época em seus habitantes eram os índios. Alguns náufragos deram na praia e os índios encantados com a brancura de sua pele, o azul dos seus olhos e o loiro dos seus cabelos, os receberam como enviados dos Deuses.
Eles conseguiram trazer um baú cheio de moeda de ouro e como não havia como usar tanta riqueza numa terra tão selvagem, resolveram escondê-lo, enterrando-o em algum lugar na região. Até hoje alguns se aventuram em procurar o tesouro.

7- A Sereia de Meaípe

A literatura das mais diferentes culturas faz referência a sereias e elas são protagonistas de histórias, lendas, poemas e canções desde há muitos séculos: de trechos da famosa Odisséia que narra a história de Ulisses, herói grego e rei de Itaca, até os mais atuais desenhos animados exibidos nas telas de cinema e televisão.
Sereias compõem o cenário de histórias dos primeiros habitantes do Brasil- os índios- sob a denominação de Mãe d`Água ou Iara- tecidas, contadas e repassadas à luz da lua ao atento olhar de crianças e adultos.
Certamente, nos recônditos da memória de quase todos, com em um relicário, acham-se guardadas as mais belas histórias de sereias.
A história da Sereia de Meaípe é singela e comovente como todas as belas histórias e encontra-se perpetuada não somente pela tradição oral como também pelo registro literário de autores como Maria Stella de Novaes, Fausto Teixeira, Lindolfo Gomes, Rodrigo Campaneli - capixabas, em sua maioria.
Suas raízes remontam à época da colonização do Espírito Santo, quando seu solo era palmilhado por pés dos índios goitacás.
Diz a lenda que um navio holandês naufragou em águas capixabas e alguns sobreviventes aportaram em Meaípe, lançados à praia pelas ondas e abraçados a pedaços de madeira. Os silvícolas os receberam como dádivas dos deuses do oceano, não apenas por serem jovens, mas por terem os cabelos do sol e os olhos do mar.
Os sobreviventes passaram a usufruir a hospitalidade dos índios e, aos poucos, foram se inteirando de sua língua, seus costumes, suas crenças. A miscigenação foi conseqüência natural da convivência e da adoção da nova terra e do novo povo e muitos deles se casaram com aquiescência do cacique goitacá.
Entretanto, um dentre os náufragos não pretendia viver em Meaípe e excursionava pelo litoral capixaba em busca da civilização. Certa vez, avistou uma linda moça em meio às ondas.
Era uma visão fascinante sob os raios da lua que se refletiam em seus longos e sedosos cabelos e prateavam as águas cristalinas.Ao tentar se aproximar, ela mergulhou e, de longe, passou a entoar uma linda e estranha cantiga, desaparecendo depois.
O rapaz que se chamava Augusto ficou encantado pela moça e permaneceu no local determinado a reencontrá-la. A sereia, pois era uma sereia- reapareceu e dessa vez, conversou com ele e disse chamar-se Mariana. Contente, Augusto tentou se aproximar mais e mergulhou, nadando em sua direção. Mariana gritou-lhe que não o fizesse porque sabia que a Mãe-d´àgua jamais aceitaria um relacionamento entre ela e um ser humano. Mas Augusto não lhe deu ouvidos e foi arrastado para as profundezas, tendo sido transformado numa rocha pela Mãe- d´água.
Mariana, debulhada em lágrimas, passou a noite sobre a rocha entoando tristes canções. No entanto, no dia seguinte, sabedora de que Augusto ficara amigo do pajé da tribo, Mariana o procurou e contou o que acontecera. O pajé explicou que nada poderia fazer porque o feitiço só poderia ser desfeito pelo próprio Augusto. Como Mariana considerava isso impossível, já que Augusto estava petrificado, pediu ao feiticeiro que a transformasse em um ser humano.
Recebeu uma poção das mãos do pajé, tomou-a e adormeceu a ao acordar viu que sua cauda foi substituída por lindas pernas.
Mariana logo se acostumou à nova situação e passou a dar longas caminhadas pela praia. Um dia um siri a viu, a reconheceu e espalhou a novidade pelos sete mares. Quando a Mãe-d´àgua tomou ciência da transformação de Mariana, ficou furiosa e partiu para Meaípe, montada em seu cavalo, em busca da sereia rebelde. No entanto, os deuses protegem amantes e, ao se aproximar velozmente da pequena praia, seu cavalo tropeçou lançando-a sobre uma pedra. Augusto, em troca, teve de volta sua forma humana, e, como em todas lindas histórias, casou-se com Mariana e foram felizes para sempre.
fonte: Prefeitura Municipal de Guarapari ES

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